terça-feira, 28 de junho de 2011

Maria de Verdade - Marisa Monte



Essa música é uma homenagem singela a Dona Maria de Salinas, descrita no texto, Maria de verdade, numa vida centenária

Maria de verdade, numa vida centenária



Queridos leitores, estou num momento em que mais do que nunca respeito o dom da vida. O sopro de esperança, de encontrar dias melhores não me sai do pensamento. Em conversa com um amigo meu, jornalista, Luiz Ribeiro, lá do Norte das minhas Minas Gerais, me peguei a ler uma obra tua, e não resisti em não publicá-la. Tenho certeza de que vão gostar da leitura tal qual esta mineira, longe de casa.
Dias antes pude acompanhar pelo noticiário que a mulher mais velha do mundo era a querida Vó Quita que veio a falecer pouco mais de um mês após entrar para o Guinness World Records, o livro dos recordes, como a mulher mais velha do mundo. Maria Gomes Valentim, de 114 anos, morreu na Casa de Caridade de Carangola, na Zona da Mata mineira.
Vó Quita, como a mulher mais velha do mundo era conhecida, nasceu em 1896 e faria 115 anos no próximo dia 9 de julho. Ela estava internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) desde domingo para tratar de uma pneumonia. No dia seguinte, seu quadro se agravou e evoluiu para uma infecção generalizada.
O reconhecimento de que Vó Quita era a mulher mais velha do mundo foi divulgado no dia 18 de maio. Segundo o Guinness, ela havia superado em 48 dias a antiga detentora do título, a norte-americana Besse Cooper.
Agora chega de falatório e conheçamos dona Maria de Salinas.

Uma vida simples em Salinas

Salinas - Ela acorda às seis horas da manhã, lava as vasilhas, debulha o milho do “café da manhã” das galinhas e faz sabão caseiro. Bengala? Coisa que não conhece. Esse é o inicio da rotina diária de Maria Pereira dos Santos, dona de impressionante saúde aos 110 anos de idade, completados em 20 de dezembro de 2010. Moradora da localidade de Canela Dema, zona rural de Salinas, Norte de Minas, dona Maria é exemplo de amor e de apego à vida marcada por histórias de superação.
O Brasil tem mais de 27 mil vovôs, bisavós, tetravós e tataravós com mais de 100 anos. Na semana passada, essa faixa etária perdeu uma de suas mais famosas representantes: a mineira Maria Gomes Valentim, mais conhecida como Vó Quita, que morreu aos 114 anos, em Carangola, na Zona da Mata, 35 dias depois de ser reconhecida como a mulher mais velha do mundo, titulo atribuído pelo Guinnes World Records, o livro dos recordes.
O vazio deixado por Vó Quita é preenchido por outros brasileiros com mais de um século de vida, sem deixar que os desafios da longa caminhada apaguem seu sorriso e sua esperança. E dona Maria é um exemplo. Ela enfrentou a pobreza e uma das piores secas da história de Minas. Foi abandonada pelo marido, que a trocou por outra, "sumiu no mundo" e nunca mais apareceu. Um dos seis filhos também desapareceu há mais de 40 anos. Mas nada tira a alegria de viver dessa guerreira, que tem 10 netos e
quatro bisnetos.
Com 110 anos, Maria Pereira mantém vida simples na roça Com tantos anos,dona Maria mostra uma saúde de ferro. O único problema é a curvatura na coluna – algo comum para a maioria dos idosos –, no caso dela consequência da (má) postura na labuta em casas de farinha durante anos. Ela sempre valoriza a disposição para o trabalho. Gosta de “barrer” a casa, lavar vasilhas e roupas. Também se arrisca em serviços que exigem mais esforço físico. “Na época das águas (das chuvas), ela pega uma enxada para capinar o quintal”, conta Carlito Francisco dos Santos, de 64 anos, um dos filhos.
Além disso, Maria Pereira dá prova de que ainda tem boa visão: é capaz de produzir fios de algodão com as mãos, usando o “fuso”, uma prática artesanal antiga.
A mulher de 110 anos atesta sua lucidez. Ela lembra da primeira vez que visitou a cidade de Salinas (conhecida hoje como a capital da cachaça),quando era menina, ainda no início do século 20. “A cidade tinha apenas uma igreja e umas casinhas ao redor”, descreve Maria, que nasceu 20 anos depois da criação do município. Depois, passou a percorrer pé, todos os anos, os 14 quilômetros que separam Canela Dema e Salinas, para participar da Missão – festa religiosa em devoção a Santo Antônio. “Na cidade, a gente ficava em ranchos.”
Guarda ainda na memória as três romarias que fez ao santuário de Bom Jesus da Lapa I(BA). Duas das viagens foram a pé, no trecho de mais de 300 quilômetros dos sertões mineiro e baiano. “A gente andava por mais de 20 dias.” O que pediu ao Senhor Bom Jesus? “Saúde e felicidade.” Foi atendida. De acordo com o filho Carlito, ela foi ao médico pela primeira vez aos 80 anos. Desde então, faz consultas regularmente. “Mas, toda vez que vou ao médico, não dá nada”, diz Maria.
De farmácia, Maria só toma um medicamento, para controlar a pressão. Gosta mesmo é de remédio caseiro. Ela prepara os chás: arruda, para dor de cabeça; moringa, para curar infecção; e erva cidreira, para gripe.

Segredos da boa saúde:

Não usa bebida alcoólica
Um ovo quente pela manhã
Almoça e janta arroz, feijão e carne bovina preparados com gordura de porco
Chá caseiro, em vez de remédio de farmácia
Não fuma, mas “toma” rapé (pó de fumo para ser aspirado e que causa
espirro em quem não está acostumado)
Banho frio
Não vê televisão
Vida no campo
Longas caminhadas
Fonte: Luiz Ribeiro
Estado de Minas/Correio Braziliense