terça-feira, 20 de abril de 2010

Alimentação à base de peixe é a tendência de mercado

Valéria Esteves


A criação de peixes tem atraído muitos produtores do Norte de Minas e, com a chegada da quaresma, a procura ainda é mais intensa. A associação de produtores de Janaúba espera boas vendas nesse ano, já que as do ano passado renderam bons frutos.

Esses produtores, uma média de 14, foram treinados pela Codevasf - Companhia de Desenvolvimento dos vales do São Francisco e Parnaíba por meio dos arranjos produtivos da piscicultura, no qual capacitaram muitas famílias e produtores ribeirinhos da região.


Piscicultura é um incremento da renda familiar do produtor
no Norte de Minas (foto: Wilson Medeiros)


Ano passado foi a primeira vez que os produtores se aventuraram em ser peixeiros na feira, que acontece aos sábados, no mercado municipal de Janaúba. E o resultado disso é que o grupo já tem um ponto de atendimento no mercado para comercializar seus peixes, ou melhor dizendo suas tilápias. A intenção é atender à domicílio.

No Norte de Minas os criatórios são mantidos dentro de canais de irrigação, como acontece no Jaíba e nos próprios rios Gorutuba, São Francisco entre outros.
Mas a intenção da piscicultura da região é servir de incremento para a renda familiar, o contrário da pesquisa da Universidade de Passo Fundo, intitulada de Policultivo de Jundiás, Tilápias e Carpas. A pesquisa, coordenada pelo professor Leonardo Barcellos aponta um novo caminho para que agricultores consigam aumentar sua produção de peixes e, por conseqüente, sua rentabilidade.

Segundo informou a assessoria da Universidade, o policultivo tem na inter-relação entre as espécies um dos segredos de seu êxito e é tema da dissertação de mestrado do médico veterinário Leonardo Bolognesi da Silva, que participa ativamente do projeto.

De acordo com os números do projeto, de uma média anual de uma a duas toneladas de peixes por hectare é possível, através da inovação, passar para uma produção média de até cinco toneladas por hectare/ano. Como conseqüência direta disso, a renda dos produtores pode mais do que dobrar. Os resultados da pesquisa, na qual já foram investidos diretamente mais de R$ 80 mil, foram publicados em respeitadas revistas internacionais especializadas no tema.

PISCICULTURA

A Emater do Projeto Jaíba acredita que, se organizada, a cadeia produtiva da piscicultura pode render bons frutos.
Ela aparece como forma de investimento para empresários e pequenos produtores como alternativa de melhoria da renda e aproveitamento da água que flui pelos canais até os lotes onde será utilizada para irrigação.

O Jaíba conta com aproximadamente 250 quilômetros de canais com diferentes dimensões, sendo que 55 quilômetros apresentam condições bastante favoráveis de ambiente e fluxo de água para piscicultura intensiva, onde é possível a exploração direta nos canais ou com uso de tanque rede, apresentando um potencial de produção da ordem de 1,5 mil toneladas de peixe ao ano, declarou a Emater.

Nos últimos anos, a piscicultura em águas continentais brasileiras vem crescendo a uma taxa superior a 10% ao ano, sendo conveniente ressaltar o grande potencial de produção, favorecido pelas condições de qualidade da água e clima no Projeto Jaíba.

O assunto também foi pauta do terceiro encontro dos zootecnistas do Norte de Minas, realizado na última semana em Montes Claros. A professora Priscila Vieira Rosa Logato, da UFLA falou sobre produção de tilápia, manejo e engorda em tanques rede.

Enfatizou que a busca pela qualidade na alimentação tem impulsionado a atividade. As classes A, B e C estão optando por peixe ao invés de carne vermelha ou até mesmo contrabalanceando a dieta alimentar para estar sempre em dia com a saúde do corpo e da mente. Para que uma criação tenha sucesso, os tanques devem ter a uma temperatura acima de 25 graus, o que naturalmente ocorre no Norte de Minas. Na estação de piscicultura de Janaúba, os tanques, e com certeza os engenheiros de pesca, é que promovem a vida que povoa os rios, lagos e barragens da região.

Produção de florestas pode ser o grande negócio dos próximos anos

Produção de florestas pode ser o grande negócio dos próximos anos, dizem especialistas: no Norte de Minas os produtores já podem procurar o BNB para obter financiamentos.


Valéria Esteves

Especialistas do agronegócio dizem que produção de florestas pode ser o negócio dos próximos anos. Tendo em vista o crescimento do setor de decoração e a procura por casas e propriedades rurais que levam postes de eucalipto entre outras árvores, produtores já vislumbram um bom rendimento com a produção de florestas. Esse tema será debatido durante o II Agrinvest, seminário internacional de negociações estratégicas, organizado pela Epamig- Empresa de pesquisa agropecuária de Minas Gerais e universidade federal de Viçosa.




Com a visão de plantar florestas e ainda aproveitar o espaçamento que fica entre as plantas, o produtor pode ter outras culturas dentro da mesma área. Haverá dentro da programação do II Agrinvest uma rodada de negócios sobre gestão de florestas. A rodada vai contemplar uma visão empresarial e científica da gestão de florestas e de produtos da madeira como fonte de geração de novos negócios.

O professor do departamento de economia rural da Universidade federal de viçosa será o coordenador Aziz Galvão da Silva Júnior, sendo que a rodada terá os participantes, Votorantim celulose e papel, Aracruz celulose, Italmagnésio Nordeste, Sebrae, reflorestadora Alto Jequitinhonha - Refloralje, Banif- Banco internacional do Funchal.

O plantio de florestas é uma alternativa contra o desmatamento, já que o eucalipto é apropriado para a feitura de carvão vegetal.
No Norte de Minas o BNB- Banco do Nordeste tem investido no setor contando com o deslanchar da produção, que na visão de especialistas tem grandes chances de ser uma das atividades de mais rentabilidade nos próximos anos.

Segundo informou a assessoria de imprensa do banco do Nordeste para os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a linha de crédito FNE verde- Fundo constitucional de financiamento do Nordeste - Programa de financiamento à conservação e controle do meio ambiente, financiou R$ 8,7 milhões com reflorestamento. Com o Pronaf- Floresta- Programa nacional de agricultura foram mais R$ 46 mil. No ano passado foram investidos no total R$ 62,2 milhões. A demanda têm sido crescente por conta da grande procura das siderúrgicas por financiamentos de projetos de reflorestamento para abastecer seus fornos com carvão vegetal.

FINANCIAMENTO

Conforme conta o superintendente Nilo Meira, os projetos a serem contemplados pelo BNB são de
manejo florestal e de reflorestamento, incluindo elaboração do projeto, itens agronômicos vinculados à sua implantação, custos de assessoria empresarial e técnica na fase de implantação, aquisição de mudas, adubos e fertilizantes. Dentre as espécies passíveis de financiamento, destacam-se: pinus sp, eucalyptus sp, frutíferas, espécies nativas e outras.

A assessoria conta também que a linha de crédito é destinada a produtores rurais atuando isoladamente ou, preferencialmente, em projetos produtivos integrados e recuperação de áreas degradadas, empresas com projeto de implantação ou expansão de áreas de reflorestamento.

Os juros são de 6% anuais para pequenos produtores, suas cooperativas e associações, 8,75% anuais para pequenos e médios produtores, suas cooperativas e associações. Para grandes produtores, suas cooperativas e associações, 10,75%. Para os outros setores, 8,75% ao ano para microempresa e
10% a.a. para pequena empresa entre outros que podem ser confirmados nas agências do banco.

- O Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha apresentam áreas propícias para o cultivo de florestas plantadas, principalmente o eucalipto. Para o apoio a essa atividade o BNB dispõe de linha de financiamento específica e sem igual no país, com encargos financeiros diferenciados, além de prazo compatível com o ciclo da cultura. Várias operações já foram contratadas e muitas outras estão em andamento e com certeza esse apoio repercutirá no índice de desenvolvimento regional, gerando mais e emprego e renda para os municípios envolvidos na atividade, conclui Nilo.