quarta-feira, 18 de maio de 2011
Agora é a vez dos importados no Brasil
Especialistas dizem que a outra guerra a ser encarada, é a queda de braço entre as ofertas feitas por cada Estado brasileiro. Afoitos por ficar com a maior fatia dos produtos importados, que chegam ao Brasil, podem até causar consequências futuras.
Os produtos importados entraram com força total no Brasil. Seja na forma de brinquedos baratos, automóveis a maquinários de milhões de dólares, o fato é que o País tem recebido muita mercadoria importada, e só no primeiro trimestre deste ano foram responsáveis por dois terços do aumento do consumo no País.
O produto chinês é um dos que mais atuam no mercado brasileiro, isso porque é comercializado a preços bem baratos, e tendo a China um grande potencial para produzir com tecnologia especializada, os custos finais diminuem. Outro saldo positivo a favor dos empresários chineses é que além de tudo, sofrem uma menor carga tributária dentro de seu País, sem contar com o ônus ou bônus nesta situação, que pelo fato de a moeda chinesa não ser tão valorizada, o produto daquele país se torna muito mais barato para o resto do mundo.
Quando chegam ao Brasil, as mercadorias estrangeiras são ainda beneficiadas pela guerra tributária estabelecida entre alguns Estados, que disputam pela arrecadação dos impostos cobrados para a entrada destes produtos. Alguns estados provêem uma série de facilidades para o ingresso dos importados, o que incentiva as empresas estrangeiras a exportar mais para o Brasil, diz o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Bauru, Andrey Valério.
Conforme noticiado pelo JCNET, o levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informa que o consumo aparente registrou alta de 4% no primeiro trimestre de 2011, mas a indústria nacional aproveitou apenas 35,9% desta variação sobre o primeiro trimestre de 2010, enquanto os produtos estrangeiros captaram 64,1% do mercado interno.
A FIESP afirma que um dos motivos seria o aumento do poder de compra das classes C e D para o chamado processo de desindustrialização. Outra razão seria a desvalorização do dólar comparado ao real. Especialistas acreditam que a política de tributação e de juros brasileira e a falta de investimentos em tecnologia industrial nas últimas décadas foi um chamariz para realidade atual.
Para o economista Wagner Ismanhoto, o aumento da participação de mercadorias estrangeiras no mercado interno é resultado ainda de uma taxa de juros absurda que ajuda a valorizar o câmbio. “A política de juros brasileira faz com que o mundo inteiro remeta dólares para o País para explorar os mercados futuros. Com dólar sobrando, o dinheiro americano fica mais barato”, analisa.
“Há uma perda de competitividade que vem se acentuando ao longo dos últimos 10 anos. A própria indústria se vê obrigada a importar itens para sua produção, porque esta importação, em muitos casos, barateia os custos do processo. Da mesma forma acontece com o varejo”, aponta o diretor da (Ciesp), Andrey Valério.
Por conta da desvalorização do dólar frente ao real, nunca foi tão fácil para a indústria comprar, por exemplo, maquinários importados da Itália e dos Estados Unidos, mais modernos que os modelos nacionais a preços abaixo dos cobrados em solo brasileiro. Da mesma forma, o varejo também se beneficia do câmbio, conforme analisa Erlon Godoy Ortega, diretor da regional Bauru da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
“Hoje, o consumo de produtos importados aumentou muito não apenas em razão do crescimento da renda do brasileiro, mas porque estes itens estão mais baratos, muitas vezes, do que o equivalente nacional. Podemos, por exemplo, encontrar vinhos fabricados em outros países a R$ 7,00 e o quilo do bacalhau a R$ 15,00, o mesmo preço de um contrafilé”, observa.
Com informações do Boletim Interface
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