terça-feira, 26 de julho de 2011

Pequi em cápsulas é a nova iniciativa no combate a doenças do coração

( foto-José Felipe Ribeiro)


Não é de agora que o pequi tem chamado a atenção de pesquisadores, seja no Brasil ou fora dele. Em 2008, ainda quando esta jornalista que vos fala, escrevia para o Jornal O Norte de Minas, cheguei a contar como os simpáticos moradores de Japonvar, capital do pequi, trabalhavam com os subprodutos do fruto amarelo e o quão maravilhado contavam suas histórias sobre as muitas catas de pequi. Na época, catadores como seu José Antônio Alves dos Santos, mais conhecido como seu Zé, na época, presidente da Cooperjap- Cooperativa dos catadores de pequi de Japonvar, já me contava que uma média de duas mil toneladas de pequi seriam encaminhadas para o Canadá.
Depois da ideia de os catadores se unirem numa Cooperativa para trabalhar com a despolpa do pequi e trabalhar com seus subprodutos ficou mais fácil enxergar um negócio, além dos caminhões que hora vinham para comprar nas beiras das estradas o ouro norte-mineiro, como reconhecem os catadores.
A UnB- Universidade de Brasília, descobriu em pesquisa realizada com pessoas de Japonvar (que comem o pequi durante o ano) que o município registrou o menor índice de pessoas com o câncer. Tal pesquisa também chamou a atenção de pesquisadores de Frankfurt que vieram a Japonvar conhecer de perto, e levar o fruto para ser estudado. Outra universidade que também pesquisa sobre o pequi é a UFMG- Universidade Federal de Minas Gerais que estima, inclusive, que há nas redondezas de Japonvar, uma média de 200 pés de pequi por hectare. Como forma de povoar as matas, e postergar a atividade extrativista, a UFMG plantou cerca de 4 hectares de mudas de pequizeiro naquele município. O professor da UFMG, Paulo Sérgio Nascimento Lopes revela que cerca de 50% das mudas nasceram. Vale lembrar que o pequi é um fruto nativo do Cerrado.
Para o coordenador da pesquisa da UnB, César Koppe Grisólia , o resultado da pesquisa chama a atenção para a necessidade de preservação do Cerrado.
- A madeira do pequizeiro tem sido usada para fazer carvão e nossa pesquisa mostra que essa planta tem mais valor em pé do que dentro de um saco de carvão. O cerrado tem sido destruído pela agricultura, mas assim como o pequizeiro deve haver muitas outras espécies que ainda não foram devidamente estudadas - afirma.
O pequi também é bom para o coração
Foi provado cientificamente, que a importância do fruto-simbolo do cerrado, o pequi, vai além de matar a fome do sertanejo. Ele também tem propriedades que ajudam a prevenir doenças do coração.
Depois de 10 anos de pesquisas, o biólogo César Koppe Grisolia, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), desenvolveu um produto com efeitos fitoterápicos do pequi, que ajuda a evitar a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos, combatendo o colesterol e diminuindo o risco de problemas cardíacos. O produto será vendido em forma de cápsulas, devendo chegar ao mercado no próximo ano.
A pesquisa do biólogo sobre as propriedades do pequi (Caryocar Brasiliense”) na redução de problemas cardíacos está na lista dos trabalhos que apresentados durante a 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência (SBPC), que começa neste domingo e prossegue até a próxima sexta-feira, dia 15, na Universidade Federal de Goias, em Goiânia. Considerada como um dos maiores eventos científicos do país, a Reunião da SBPC tem como tema central “cerrado, energia e alimento” e vai discutir as ações para proteger o bioma, debatendo também as suas potencialidades.
O professor César Koppe Grisolia vai detalhar a sua pesquisa na conferência “Importância da exploração sustentável do cerrado – agregando valor sem destruir –“, na próxima sexta-feira, às 10 horas. O pesquisador da UnB ressalta que, primeiramente, avaliou os efeitos do pequi na prevenção de doenças do coração, em camundongos. Depois, fez a pesquisa em humanos, realizando os testes em 125 voluntários, durante dois anos.
O pesquisador lembra que o pequi (Caryocar brasiliense) é um alimento altamente rico em vitaminas A e C, frutose, sais minerais e compostos antioxidantes,que capturam radicais livres, moléculas novas formadas nos organismos. Desta forma, “tem propriedades que melhoram as funções cardiovasculares porque ajudam o colesterol bom (HDL) e combatem o colesterol ruim, o LDL”, explica Grisolia.
“Para que as pessoas possam fazer uso de suas propriedades, desenvolvemos cápsulas de extrato da polpa e outras de óleo de pequi”, relata. “Isso rendeu uma patente para a UnB. Foi firmado Termo de Cooperação Técnica para otimização da tecnologia e para adaptação em escala industrial. O próximo passo será a celebração do Contrato de Licenciamento da Tecnologia”, observa o pesquisador da UnB, lembrando, que, atualmente, está sendo providenciado o registro das cápsulas de pequi junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ele lembra que tecnicamente o novo produto é enquadrado na categoria dos nutracêuticos, algo que, grosso modo, se situa entre um alimento e um remédio. Teoricamente, eles nutrem e trazem saúde. “É um produto que incrementa as funções fisiológicas, revigorante e que vai além de um alimento”, explica Grisolia. “O que desenvolvemos tem tanto propriedades nutracêuticas como fitoterápicas, mas vamos registrar na Anvisa apenas na primeira categoria, porque o processo é mais simples e barato”, diz o biólogo.
Por outro lado, o pesquisador admite que as pessoas que têm o hábito de “roer pequi”, como os moradores dos pequenos municípios do Norte de Minas, podem ficar menos propícias a desenvolver doenças cardíacas, por conta dos efeitos do fruto símbolo do cerrado. “Tanto o óleo como o extrato do pequi possuem substâncias com capacidade antioxidante, que inibem a oxidação dos lipídios nos vasos sanguineos, e com isso, combatem a formação de placas de gordura nas paredes dos vasos”, acentua.
O novo produto para o combate de doenças cardíacas, obtido a partir do pequi, já rendeu mais de 10 artigos científicos sobre o assunto.
Grisolia salienta que a pesquisa serviu também para destacar a importância da preservação do cerrado, bioma que está tão ameaçado quanto a Amazônia. Ele lembra que criou um modelo de exploração sustentável, com geração de mão-de-obra e renda para as comunidades rurais da região. “Meu trabalho mostra que o cerrado preservado é economicamente importante Para quem acha que pesquisa só é importante quando se consegue um ganho econômico, fizemos isso. Mas para outros, manter a biodiversidade é uma questão de respeito às outras formas de vida. Meus estudos também servem para isso”, assegura.

PRESERVAÇÃO DO CERRADO
A escolha do cerrado como principal tema de discussões da 63ª Reunião Anual da SBPC deverá suscitar uma série propostas para a preservação do bioma, que está seriamente ameaçado pelos desmatamentos. Esta é a perspectativa de ambientalistas, técnicos e pesquisadores que vão participar do encontro.
A direção da SBPC ressalta que escolha do cerrado como tema do seu principal encontro anual não foi por acaso. O bioma está presente em mais de dois milhões de quilômetros quadrados (24%) do território nacional. É encontrado no Planalto Central, nas regiões centro-oeste, nordeste, norte e sudeste, ocupando mais de 40% do território mineiro. Trata-se da segunda maior formação vegetal brasileira (a primeira é a Amazônia) e a savana tropical mais rica do mundo em diversidade de espécies. É ainda o berço de nascentes de importantes rios como Tocantins- Araguaia, Paraná, São Francisco, sendo considerado área de recarga nacional.
Além disso, o cerrado concentra um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundiais conhecidas. No entanto devido à alta pressão antrópica, registra-se grandes perdas da biodiversidade, com preocupantes índices de extinção de espécies animais e vegetais.
“Acredito durante a reunião da SBPC, deverá surgir um conjunto de denúncias concretas sobre o mau uso da terra, ocupação desordenada e os impactos dessa ocupação no cerrado no futuro, acabando com a águ que vem do subsolo e matando os rios. Será feito um alerta ao país sobre a destruição do cerrado”, afirma o professor e pesquisador Elimar Pinheiro, do Centro de Desenvolvimento Sustentável, da Universidade de Brasília (UnB).
Pinheiro salienta que a expansão da fronteira agrícola em regiões como Goiás, Tocantins e Minas Gerais vem acarretando sérios prejuízos para a vegetação nativa. Mas, ele espera que os debates do encontro não venham se resumir a denúncias. “Também acredito que deverão surgir propostas para políticas públicas mais consistentes e mais eficientes em relação à condução do agronegócio e à agricultura familiar, de tal forma que possa preservar a natureza”, diz o professor da UnB.
Posição semelhante tem o professor Marcelo Mendonça, do departamento de Geografia da Universidade Federal de Goiás. “A discussão sobre o cerrado é extremamente oportuna. Estamos vivendo um momento de destruição das áreas do cerrado, com o avanço do agronegócio e com o uso intenso de defensivos agrícolas”, avalia Mendonça.
Ele salienta que o bioma tem grande relevância na conservação dos recursos hídricos, pois as principais bacias hdrográficas nacionais nascem no cerrado. “Apesar disso, o cerrado passa por um processo vertiginoso de ocupação indiscriminada”, observa Mendonça, lembrando que apenas 4% das unidades de conservação do país estão em áreas de cerrado e a necessidade de proteção do bioma não é reconhecida na Constituição Federal, como é o caso da Amazônia.
O professor da UFG acredita que a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para oi Congresso da Ciência vai servir como grito de socorro para o cerrado. “Á medida que a SBPC dá visibilidade aos problemas ambientais serão criadas alternativas de soluções”, assegura Marcelo Mendonça.
SAIBA MAIS
O pequizeiro (caryocar brasiliense) é verificado ao longo de todo bioma cerrado. Como outras espécies do bioma, é uma árvore frondosa e tortuosa. Com grande poder de resistência ao clima de poucas chuvas, ela floresce entre os meses de agosto a novembro. A safra vai de novembro a fevereiro. Nesse período, o pequi proporciona uma verdadeira fartura nos municípios do Norte de Minas como Montes Claros, Mirabela, Coração de Jesus, Lontra, Brasília de Minas e Japonvar. Nesses lugares, famílias inteiras – homens, mulheres e crianças – se dedicam à cata do fruto símbolo do cerrado no mato.
Para a cata existe um segredo, pequi bom é aquele apanhado no chão.
Em Japonvar,foi instalada uma indústria, pertencente a uma cooperativa de pequenos agricultores, que produz o pequi em conserva, agregando ao valor ao fruto e facilitando a sua comercialização. (V.E. com informações do jornal E.M)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

No Norte de Minas, gado Nelore é estrela nos pastos


R$ 8 mil é a cotação média dos animais arrematados em leilões na região

Durante anos, Montes Claros, Norte de Minas Gerais, vem se destacando na criação de gado de corte em todo Estado. Apesar de os pecuaristas conviverem com os longos períodos de estiagem, o gado Nelore parece resistir às adversidades e sobrevive como uma estrela de hollywood nos pastos da região. Outro detalhe importante é que este gado é comercializado em praças como Triângulo Mineiro, São Paulo entre outros.
Na reportagem de hoje falaremos o quanto a exposição Agropecuária de Montes Claros ( Expomontes) é vitrine para o gado de muita gente boa das minhas Minas Gerais.
Conforme publicou o jornal Estado de Minas, o avanço da raça nelore no Norte de Minas é destaque na Exposição Agropecuária Regional de Montes Claros, aberta na sexta-feira e que prossegue até domingo no Parque de Exposições João Alencar Athayde. A Expomontes chega à 37ª edição, sendo considerada a segunda maior mostra agropecuária do interior do estado, atrás apenas da Expozebu, de Uberaba, no Triângulo Mineiro. A mostra é a maior festa do Norte de Minas, e neste ano a expectativa é de que 300 mil pessoas visitem a exposição.

De acordo com os organizadores da Expomontes, nesta edição deverão ser comercializados cerca de 11 mil animais, dos quais cerca de 90% são nelores, em 10 leilões. Estão previstos quatro remates de elite da raça zebuína – dois deles transmitidos por canal a cabo, com a venda de cerca de 300 reprodutores e matrizes selecionadas. Serão leiloados animais de alguns dos principais selecionadores de nelore do estado.

O diretor técnico da Sociedade Rural de Montes Claros, Marcos Miguel Mendes, lembra que o valor médio pago por reprodutores arrematados na região fica em R$ 8 mil. Mas, na Expomontes, os preços de alguns exemplares de elite da raça nelore poderão chegar às alturas. “Existem animais que poderão sair até acima de R$ 50 mil”, diz Marcos Mendes. Ele lembra que, recentemente, na Exposição Agropecuária de Janaúba (também no Norte de Minas), um embrião de uma vaca nelore foi arrematado por R$ 105 mil. “A venda dos animais selecionados em leilões será importante para transmitir um melhoramento genético em todo o rebanho comercial da região”, salienta.

COMPETIÇÃO A mostra de Montes Claros conta com cerca de 500 animais expostos com o objetivo de concorrer às provas de melhoramento genético. O diretor técnico da Sociedade Rural ressalta que o nível da competição entre criadores de nelore aumentou muito na Expomontes porque a exposição passou a fazer parte do ranking nacional da raça. “Temos em Montes Claros alguns criadores que estão no topo do ranking nacional da raça. Por isso, a competição é muito acirrada”, explica Marcos Mendes.

O Norte de Minas tem, hoje, em torno de 2,8 milhões de cabeça de gado. Segundo Marcos Mendes, cerca de 90% do rebanho da região tem sangue nelore. “Desta forma, a raça tem um peso muito grande na economia do Norte de Minas, cuja vocação é a pecuária”, observa Mendes. A rusticidade e a adaptação ao clima quente e de poucas chuvas foram os principais fatores para o aumento do rebanho da raça zebuína no Norte do estado. “A pecuária é explorada no Norte de Minas há 100 anos e o nelore chegou à região há 40 anos. A raça agregou valor à pecuária regional pela excelente rusticidade. Mesmo nos períodos de seca, quando há restrição de alimentos, o nelore mantém o bom nível de produção”, afirma o presidente da Associação dos Criadores de Gado de Corte do Norte de Minas (ACGC), João Gustavo de Paula. Ele lembra ainda que, com a boa adaptação às regiões de clima quente, o nelore fica mais resistente a doenças. Isso diminui os custos com a criação.

GANHO DE PESO É DESTAQUE O produtor João Carlos Albuquerque, que foi um dos pioneiros da criação de nelore no Norte de Minas, ressalta que a adaptação dos animais ao clima semiárido facilita o manejo. Ele se dedica à criação da raça há 35 anos na Fazenda Bonsucesso, em Francisco Sá. “Com melhoramento genético, o ganho de peso do nelore melhorou muito. Hoje, já é possível que um animal nelore consiga alcançar 18 arrobas em dois anos e meio no pasto. Estou satisfeito com os resultados”, testemunha.

A raça está obtendo um ganho de peso nos municípios norte mineiros superior ao verificado em outras regiões do país. Isso está sendo medido na ponta do lápis por um grupo de criadores da região que se inscreveram em uma prova coordenada pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). A prova envolve de 50 a 80 animais, que são pesados constantemente, sendo verificado ganho de peso em cada espaço de tempo. “Os índices têm sido altamente satisfatórios. O potencial de ganho de peso do nelore no Norte de Minas é maior do que o de outras regiões do país”, afirma o zootecnista João Newton Lopes, que acompanha a prova. ( fonte E.M)