sexta-feira, 16 de julho de 2010
Se a maré deixar, tem peixe
O crivo de bons investimentos pode estar ligado à abertura de novos empreendimentos no ramo de pescado. Mas calma. Trata-se da abertura de novos frigoríficos, não de bovinos e sim de peixes. Em primeira instância quero defender, caros leitores, que a abertura ou o lançamento de uma pedra fundamental de um empreendimento, não quer dizer que ele vá necessariamente se concretizar. Tendo em vista que, é preciso contar com a vontade da maré, e saber especialmente, se ela está pra peixe.
Pesquisas revelam que, nos últimos três anos, a escolha pela carne de peixe cresceu 15%. De acordo com o professor Manuel Vazquez Vidal Junior, no curso Criação de Tilápias, elaborado pelo CPT - Centro de Produções Técnicas, “o Brasil ainda apresenta pequena produção de pescado, porém, é um país com grande potencial, em função das condições climáticas favoráveis e da abundância de recursos hídricos. O mercado consumidor está em expansão e isso permite que novos produtores possam ingressar na atividade sem interferir no preço da carne”. O brasileiro consome em média sete quilos de peixe por ano. O recomendado é 12 quilos por ano. O problema a ser enfrentado é o alto preço do produto.
Para o engenheiro de pesca Jackson Sousa Rosa a piscicultura está em franca pujança há algum tempo. E em 2007 aproximadamente, data de quando eu, Valéria Esteves, reportei pautas sobre o assunto no jornal O norte de Minas, Arranjos Produtivos Locais da Piscicultura já mudavam o cenário da região norte do estado de Minas Gerais. Com orientação e treinamento recebidos da Companhia de Desenvolvimento dos vales do São Francisco e Parnaíba - Codevasf, produtores aprenderam como ter outra atividade e incrementar sua renda com arranjos produtivos, no qual capacitaram muitas famílias e produtores ribeirinhos da região.
Parece que peixe agrada deuses e quase a todos os troianos, não é mesmo. O “quase” fica para a exceção daqueles que não gostam de peixe. Vamos combinar. Há quem não goste. Mas voltando ao assunto.
Plano Safra das águas
O governo federal lançou o plano "Safra das Águas". A proposta é estimular a produção do pescado brasileiro. O ministro da Pesca, Altemir Gregolim já havia dado detalhes do projeto em visita ao Estado de Mato Grosso do Sul, no último mês de junho. O volume de recursos disponível para financiamento é de R$ 1,5 bilhão. Foram criadas três linhas especificas para a região Centro Oeste.
O ministro Gregolim afirmou em MS que o plano de desenvolvimento da piscicultura daquele estado receberia um investimento da ordem de R$ 24 milhões a ser aplicados no setor. A criação de peixe da região Sul do Estado corresponde a 70% da produção de Mato Grosso do Sul. Já existe um frigorífico em Itaporã e o do município de Dourados deve ficar pronto até o fim do ano.
Um dos destaques das novas linhas de financiamento é o Projeto Revitaliza que pretende melhorar 10 mil embarcações para pesca de pequeno porte. O limite por beneficiário, nesse caso, é de R$ 130 mil, com juros de 2% ao ano e prazo de pagamento de até 10 anos, contando com 3 anos de carência.
A piscicultura está sendo pauta de vários seminários pelo Brasil e assunto de encontros dos zootecnistas do Norte de Minas, realizado na última semana em Montes Claros. A professora Priscila Vieira Rosa Logato, da UFLA falou sobre produção de tilápia, manejo e engorda em tanques rede.
Enfatizou que a busca pela qualidade na alimentação tem impulsionado a atividade. As classes A, B e C estão optando por peixe ao invés de carne vermelha ou até mesmo contrabalanceando a dieta alimentar para estar sempre em dia com a saúde do corpo e da mente. Para que uma criação tenha sucesso, os tanques devem ter a uma temperatura acima de 25 graus, o que naturalmente ocorre no Norte de Minas. Na estação de piscicultura de Janaúba, os tanques, e com certeza os engenheiros de pesca, é que promovem a vida que povoa os rios, lagos e barragens da região.
Nos últimos anos, a piscicultura em águas continentais brasileiras vem crescendo a uma taxa superior a 10% ao ano, sendo conveniente ressaltar o grande potencial de produção, favorecido pelas condições de qualidade da água e clima no Projeto Jaíba.
Na Bahia, por sua vez, pela primeira vez os pescadores terão à disposição equipamentos para a prática da pesca oceânica em grande escala ao longo do litoral baiano. Um acordo de cooperação técnica entre a Bahia Pesca – empresa vinculada à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) – e a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, vinculada à Presidência da República, (Seap), vai capacitar os pescadores das cooperativas de pesca de Camaçari, no Litoral Norte de Salvador, e Itacaré, no Sul do Estado, para operar embarcações oceânicas com capacidade acima de 35 toneladas de pescados.
O acordo faz parte do Pro - Frota (Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional) programa que financia a aquisição de barcos pesqueiros para a pesca oceânica, para cooperativas de pescadores em todo o País. O Pro - frota tem por objetivo Incentivar a formação de uma frota genuinamente brasileira; incrementar a produção nacional de pescado; recuperar recursos que estão em situação de sobre pesca ou colapso, promover a exploração da Zona Econômica Exclusiva e de águas internacionais e proporcionar a eficiência e sustentabilidade da frota pesqueira costeira, continental e oceânica.
Também deverá ser assinado um convênio com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para a construção dos quatro barcos – dois para a Cooperativa de Pescadores de Camaçari e dois para a Cooperativa de Itacaré. A expectativa é que as embarcações sejam entregues dentro de um prazo de um ano e meio. Os barcos irão atender a aproximadamente 180 pescadores associados nas duas cooperativas.
O terminal Pesqueiro de Salvador deverá ter o Estudo de Viabilidade Econômica concluído ainda neste semestre, e em seguida o mesmo estudo será feito em Ilhéus. Logo após esses trabalhos serão apresentados os respectivos projetos executivos, com perspectivas que até o final do ano as obras comecem. As estimativas de custos são de aproximadamente R$ 15 milhões para as obras em Salvador, já inclusas no PAC (Programa de Aceleração do crescimento) e de aproximadamente R$ 6,5 milhões para o terminal de Ilhéus.
No Litoral Norte do Estado da Bahia, onde está inserido o município de Camaçari e outros cinco municípios, atualmente existem 87 embarcações motorizadas, com uma produção estimada anual de pescado de 592 toneladas. Já no Litoral Sul e Região do Baixo Sul, onde está o município de Itacaré, são 11 municípios, 672 barcos e uma produção anual estimada de 14.113 toneladas de pescados.
Para um dos representantes da Cooperativa de Pescadores de Itacaré, Agnaldo Green, trata-se de uma mudança de estrutura que em muito vai influenciar as atividades de pesca na Bahia. “O desafio é agora e estamos preparados para enfrentá-lo”, disse, referindo-se à capacitação dos pescadores para o uso de novas tecnologias.
Mesma avaliação teve o representante da Cooperativa de Pesca de Camaçari, Pedro de Assis, que destacou a luta dos pescadores para conseguirem se inserir nos projetos de modernização do setor pesqueiro feito pelo Governo Federal. “Em quatro anos nunca vimos tamanha boa vontade com, o setor pesqueiro. E isso vai influenciar as futuras gerações de pescadores”, disse.
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