quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Não largo essa canoa
Se a canoa não virar olê olê olá. Eu chego lá. Bem cantarolava a “Marcha do Remador” de Antônio Almeida quando comecei a ouvir os noticiários avisando sobre este tal incentivo que o governo ia ou vai dar aos pescadores na oferta de comprar dois ou três super barcos de pesca para eles. Era o que mais se lia nos jornais de Salvador há alguns dias. Entendam caros meus, que estes barcos são ou serão destinados a uma associação de pescadores aqui da Bahia que, por sua vez, estão acostumados a pescar todo o santo dia, indo e vindo enfrentando o alto mar com sua canoa, que graças a Deus, é responsável por trazer o pão de cada dia pra casa com a bênção da mãe do mar, a santa Yemanja.
O problema é que mesmo com essa boa vontade toda em financiar barcos para os pequenos pescadores da Bahia ou de qualquer lugar do Brasil, ainda haverá quem não saiba manusear o tão arrojado barco para pescar atum ou seja o que for. Veja isso meus amigos. Estes barcos exibem performance de alta tecnologia capazes de navegar em águas profundas e armazenar gamas de pescado. Mas mesmo assim, ainda há que se questionar se esta associação está preparada e recebeu incentivos ou orientações para custear a montagem de um local para armazenar este pescado quem vem fresquinho do mar em “grande” quantidade e assim fazer funcionar seu comércio. Sem perdas e danos. Se alguma ação eleitoreira, politiqueira ou sei lá mais o que queira, vale fazer negócio direito, especialmente com quem tem pinto para dar água em casa. E não mexe com pescador porque eles são protegidos por Yemanja e ela quando pega raiva de alguém. Sei não viu, já dizem por aqui os crentes nos orixás da Bahia e na África mãe. Isso é só um aviso.
No artigo anterior que escrevi aqui no Brincadeira tem Hora de título “Se tem maré, tem peixe”, há um trecho em que informa o seguinte: Na Bahia, pela primeira vez os pescadores terão à disposição equipamentos para a prática da pesca oceânica em grande escala ao longo do litoral baiano. Um acordo de cooperação técnica entre a Bahia Pesca – empresa vinculada à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) – e a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca vinculada à Presidência da República, (Seap), vai capacitar os pescadores das cooperativas de pesca de Camaçari, no Litoral Norte de Salvador, e Itacaré, no Sul do Estado, para operar embarcações oceânicas com capacidade acima de 35 toneladas de pescados. O acordo faz parte do Pro - Frota (Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional) programa que financia a aquisição de barcos pesqueiros para a pesca oceânica, para cooperativas de pescadores em todo o País.
(...) Também deverá ser assinado um convênio com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para a construção dos quatro barcos – dois para a Cooperativa de Pescadores de Camaçari e dois para a Cooperativa de Itacaré. A expectativa é que as embarcações sejam entregues dentro de um prazo de um ano e meio. Os barcos irão atender a aproximadamente 180 pescadores associados nas duas cooperativas.
O terminal Pesqueiro de Salvador deverá ter o Estudo de Viabilidade Econômica concluído ainda neste semestre, e em seguida o mesmo estudo será feito em Ilhéus. Logo após esses trabalhos serão apresentados os respectivos projetos executivos, com perspectivas que até o final do ano as obras comecem. As estimativas de custos são de aproximadamente R$ 15 milhões para as obras em Salvador, já inclusas no PAC (Programa de Aceleração do crescimento) e de aproximadamente R$ 6,5 milhões para o terminal de Ilhéus.
No Litoral Norte do Estado da Bahia, onde está inserido o município de Camaçari e outros cinco municípios, atualmente existem 87 embarcações motorizadas, com uma produção estimada anual de pescado de 592 toneladas. Já no Litoral Sul e Região do Baixo Sul, onde está o município de Itacaré, são 11 municípios, 672 barcos e uma produção anual estimada de 14.113 toneladas de pescados.
Para um dos representantes da Cooperativa de Pescadores de Itacaré, Agnaldo Green, trata-se de uma mudança de estrutura que em muito vai influenciar as atividades de pesca na Bahia. “O desafio é agora e estamos preparados para enfrentá-lo”, disse, referindo-se à capacitação dos pescadores para o uso de novas tecnologias.
Mesma avaliação teve o representante da Cooperativa de Pesca de Camaçari, Pedro de Assis, que destacou a luta dos pescadores para conseguirem se inserir nos projetos de modernização do setor pesqueiro feito pelo Governo Federal. “Em quatro anos nunca vimos tamanha boa vontade com, o setor pesqueiro. E isso vai influenciar as futuras gerações de pescadores”, disse.
Então, com tanta esperança e comemoração assim, vamos esperar que todos naveguem sobre o mar. Encham as redes sofisticadas de pescadas nobres e distribuam no mercado seu mais novo prato do dia. E agradem a rainha do mar, Odó Iyá yemanja pelos bons ventos que os trazem.
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