quarta-feira, 3 de julho de 2013

Região Central de Minas precisa aumentar produção de grãos

Atender a uma demanda de aproximadamente um milhão de toneladas de milho por ano. Esse é o desafio colocado para a região de Sete Lagoas-MG. Enquanto cresce o consumo de grãos pelas empresas instaladas na região, a área plantada com milho foi reduzida cerca de 60% nos últimos dez anos e o cereal tem sido importado de outros estados, como Goiás e Mato Grosso.
"É preciso que a gente se prepare para 'mineirizar' esse milho. Devemos ter produção que atenda a demanda local. Fácil não é, mas não é impossível. Temos um grande potencial a ser explorado", afirma o prefeito de Sete Lagoas Márcio Reinaldo Moreira. O prefeito atualmente é presidente da Amav (Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Rio das Velhas). Segundo ele, a entidade se prepara para atuar como agência de fomento. Márcio Reinaldo destaca que em Sete Lagoas as empresas Agrogen, Elma Chips e Ambev já apresentam uma demanda anual que supera um milhão de toneladas de milho e o consumo local deve aumentar com a provável instalação de uma fábrica de ração da Itambé no município. "É importante a gente ter um bom projeto, com contratos específicos com esses grupos empresariais. Devemos contar com a participação dos bancos, da Secretaria de Estado e do Ministério da Agricultura", completa. O coordenador técnico regional de culturas da Emater-MG em Sete Lagoas Walfrido Machado acompanha a produção agrícola em 27 municípios. Em levantamento, ele constatou que a área plantada com milho na região em 2002 era de 22.500 hectares. Já, no ano de 2012, a área havia decrescido para 9.600 hectares. Walfrido avalia que o risco de perdas com a cultura é a principal causa da redução. Na última safra, cerca de 1.000 hectares foram perdidos na região por causa da forte estiagem. O extensionista, no entanto, vê possibilidades de incrementar a produção de milho e aponta estratégias. "O potencial para irrigação é subutilizado. Existem alternativas, como a aspersão por tubo enterrado, que é uma opção para pequenas áreas e exige menor consumo de água e de energia", comenta. Para Walfrido, é preciso investir em gestão e tecnologias para garantir maior eficiência produtiva. O pesquisador da Embrapa José Carlos Cruz analisa o perfil da produção de milho na região e destaca que o rendimento médio é de 4.146 quilos por hectare e predominam pequenas lavouras, com baixo nível tecnológico. "Em 80% das propriedades, a colheita ainda é manual; a mecanização é deficitária, sendo que 65% dos agricultores contratam serviços de terceiros para preparo do solo e plantio, há baixa adoção de tecnologias e grande deficiência das condições de armazenamento", explica. O pesquisador aponta algumas tecnologias que devem ser adotadas para aumentar a eficiência produtiva: recuperação da fertilidade do solo (correção de acidez, através do uso de calcário e gesso); adubação orgânica (com aproveitamento da grande quantidade de cama de frango disponível na região); sistema de plantio direto (para melhorar a retenção de água, reduzir os custos de produção e minimizar os riscos com as estiagens); integração lavoura-pecuária-floresta (consorciando o cultivo do milho com a renovação de pastagens); utilização de irrigação; e armazenamento adequado de grãos. José Carlos Cruz defende que é possível aumentar a produção de milho desde que seja adotado um planejamento consistente. "É possível suprir uma parcela mais significativa da demanda, com utilização de tecnologias voltadas para alta produtividade, em áreas onde o relevo favoreça o plantio e a colheita mecânica. E, assim, aumentar a renda obtida pelos agricultores, incentivando a produção em alta escala e a exploração sustentável dos recursos naturais." O pesquisador afirma que é necessário mudar o cenário regional. "As ações deverão levar em conta os investimentos em máquinas e equipamentos agrícolas, assim como em infraestrutura para secagem, beneficiamento e armazenamento de grãos. É preciso ter disponibilidade de crédito para esses investimentos, assistência técnica e, especialmente, produtores aptos e interessados em investir nesse segmento do agronegócio." As oportunidades para o desenvolvimento regional foram tema de painel realizado durante a 6ª Semana de Integração Tecnológica, que ocorreu na Embrapa Milho e Sorgo de 20 a 24 de maio. Na ocasião, políticos, pesquisadores, extensionistas, empresários e produtores rurais debateram gargalos e alternativas para impulsionar o agronegócio na Região Central de Minas.

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