segunda-feira, 19 de abril de 2010

Rios da região ganham mais vida: arranjos produtivos da piscicultura podem movimentar economia regional

Valéria Esteves

Em época de piracema, a boa pedida é repovoar os rios. Há algum tempo, os rios do Norte de Minas têm sido repovoados por alevinos de tilápia, tambaqui, piau, curimatã, entre outros, o que tem significado muito para as comunidades que dependem dos peixes tanto para comer como para continuar o comércio dos mesmos, como sempre aconteceu nas cidades ribeirinhas da região.



O projeto APLS - Arranjos produtivos locais, coordenado pelo engenheiro de pesca da Codevasf - Companhia de desenvolvimento dos vales do São Francisco e Parnaíba, Jackson César de Sousa Rosa, tem capacitado vários pescadores que pretendem aproveitar o conhecimento recebido para manter seu próprio negócio num futuro bem próximo.

DUAS TONELADAS/ANO

O projeto APLS tem hoje cerca de duas mil e quinhentas famílias que têm produzido em média duas toneladas de pescado por ano, nos municípios de Pedras de Maria da Cruz, Pai Pedro, Matias Cardoso, Manga, Januária, Itacarambi, Gameleira, Janaúba, entre outros. Atualmente, os alevinos são induzidos, procriados na estação de piscicultura do Gorutuba, pelo engenheiro e por sua equipe, que capturam para cunhos científicos peixes nativos nas barragens, para a retirada dos óvulos das fêmeas e pelo sêmen dos machos. O objetivo disso tudo é devolver a vida para lagos, barragens e rios.
Com uma produção ativa, a estação de piscicultura induz apenas 30% de sua capacidade de reprodução, mesmo porque são muitas larvas que os tanques da estação não poderiam atender.

Jackson conta que o propósito é colocar a larva no lugar dos alevinos nos rios, para que a reprodução se dê naturalmente e tenha maiores chances de vingar. Dentro do programa de piscicultura estão em processo de capacitação cerca de 127 pescadores que estão atentos à criação de peixes nos tanques-rede localizados em seus municípios. Como estratégia, os tanques são instalados no Rio São Francisco, na barragem de Gameleira e no Rio Gorutuba. Cada unidade produz em média 24 toneladas.

BENEFICIAMENTO

Os 127 pescadores capacitados pelo engenheiro de pesca aprendem tudo sobre a criação de peixes e sobre como gerar emprego e renda para suas famílias, principal meta da Codevasf.

Ao todo são 14 tanques-rede adaptados para a capacitação dos pescadores, o que dá em torno de 10 pescadores por tanque. Durante todo o ciclo de procriação, que dura seis meses, os pescadores dividem as tarefas, sendo que a principal delas é manter os peixes vivos.

A última safra, segundo Jackson, retirada dos APLS, foi de 5,5 toneladas. Ele diz ainda que a companhia pretende incentivar o associativismo entre os pescadores, que já podem contar com financiamento de agentes financeiros como os bancos do Nordeste e do Brasil.

Essa atividade pode significar mais um ganho para a economia norte mineira, como já acontece com a fruticultura. No projeto de piscicultura, que consta de um módulo de quatro tanques-rede, o financiamento pode chegar a R$ 9 mil. Sendo que, neste caso, um pescador avalisa o outro.

- Nossa meta primordial é capacitar para depois pensar em renda, mas orientamos os pescadores que, na piscicultura, é muito melhor trabalhar coletivamente do que isoladamente. Nossa meta é agregar valor à renda da família.

PARCERIA

A companhia tem parcerias com a Emater e a secretaria de Aqüicultura e Pesca, que visam implantar mini-unidades de gerenciamento e formar um pólo de aqüicultura nos canais do projeto Jaíba em 2007.

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