terça-feira, 13 de abril de 2010

Déficit na oferta de café pode provocar redução nos estoques

No mês de abril os cafeicultores do Jaíba estarão em plena cata. Só depois dela, que na verdade será a primeira dessa produção, é que poderá se estimar, com certeza, quantas sacas o cafezal plantado em parceria com pequenos produtores e a Ibá dará no final das contas. A perspectiva é que sejam colhidos até 80 sacas por hectare


Valéria Esteves


O ano já começa cheio de dúvidas para o setor cafeeiro, mas os produtores de café ainda confiam numa melhora. Segundo informou a Dow Jones, a produção global de café deve ficar entre 109 e 112 milhões de sacas na safra 2007/08, de acordo com relatório mensal divulgado sexta-feira pela OIC - Organização Internacional do café. A organização manteve estável a projeção divulgada no último relatório.
Entretanto, para a safra 2006/07, a OIC reduziu a estimativa em relação ao relatório do mês de janeiro, passando de 122,27 milhões para 121,575 milhões de sacas. De acordo com a organização, as lavouras devem sofrer com problemas climáticos por conta do desenvolvimento do El Niño.
- Esperamos queda na produção porque algumas regiões devem ser seriamente afetadas - afirma a entidade. A OIC aponta redução da produção brasileira de arábica, por conta da bianualidade da safra de café.
O consumo global foi estimado em 118 milhões de sacas em 2007/08, aumento de 1,7% sobre o ciclo anterior. A estimativa da OIC sugere um déficit na oferta global de café, que poderá provocar redução dos estoques. De acordo com a OIC, a safra 2006/07 (outubro-setembro) iniciou com 19 milhões sacas nos estoques, volume inferior a 27,51 milhões de sacas sobre a safra anterior. Considerando o grande volume exportado pelo Brasil, o país iniciará a safra (2007/08) com níveis historicamente baixos de estoque, aponta o relatório.
A perspectiva dos produtores mineiros é boa quanto às exportações e até mesmo com as importações, como previu o produtor Eduardo César Rebelo, sócio-gerente da Ibá-agroindustrial.
Desde fevereiro de 2005, cerca de 14 hectares foram plantados numa parceria entre a Ibá e pequenos produtores do Projeto Jaíba, no sentido de buscar um café de qualidade e que possa entrar no mercado tanto interno quanto externo. Hoje a saca de 60,5 kg de café comoditie tem custado cerca de R$ 240 a R$ 260; sendo que há quem consiga comercializar um lote contendo de 30 a 40 sacas por até R$ 4 mil.
O sócio-gerente da Ibá informou que o café tem um melhor crescimento no Norte de Minas, especialmente no Jaíba por ser irrigado e porque o clima favorece. Ele que também cultiva o grão no Sul de Minas, diz que é possível notar que enquanto a produção cresce em 2,5 anos no Sul de Minas, no Norte de Minas produz em 18 meses. O que significa ganho de lucros e aumento na produtividade em menos tempo. Isso porque, defende Eduardo, a planta cresce durante todo o ano no Jaíba.
COLHEITA
O plantio feito em fevereiro terá sua primeira cata em abril de 2007 e a primeira safra se dará em abril de 2008. A expectativa é que se tire de 75 a 80 sacas de café por hectare, tendo como base as três últimas colheitas da fazenda São Tomé em Pirapora, que tirou essa média de sacas.
O café no Jaíba significa alternativa de renda ao pequeno produtor e emprego o ano inteiro para mulheres, homens e idosos, conforme a Ibá.
Atualmente nove sócios entraram no negócio se dispondo a cuidar do cafezal diariamente, deixando-o bem capinado entre outros cuidados necessários ao bom andamento da produção. Outros pequenos produtores já se mostraram atraídos pelo plantio de café e a associação, antes com nove sócios, deve chegar aos 40 ao que tudo indica.
Há ainda um médio produtor que plantou uma média de 370 mil mudas e acredita que, com os bons resultados da cotação do café no mercado e a produtividade acelerado no Jaíba, a expectativa é que o comércio seja favorável.
Na década de 80, conta Eduardo, os cafeicultores chegaram a vender a saca do café ao preço de 100 salários mínimos, caso atípico, mesmo porque o que se busca hoje em dia no mercado é estabilidade.
PRODUTO NACIONAL
O café nacional é consumido no Japão, Finlândia, Dinamarca entre outros, e tem qualidade e sabor aprovados no mercado externo. Especialistas acreditam que nos próximos anos é possível que o Brasil, maior produtor de café do mundo e o segundo maior consumidor no ranking, atrás apenas dos Estados Unidos, deve ganhar mais espaço e se estabelecer no mercado com força total.
Para concluir, o empresário lembrou que os pequenos produtores, ou pelo menos seis ou sete, estão com médias boas de produção. Há algumas plantações com frutos nos pés.
Com o aumento da população brasileira as perspectivas de mercado só aumentam, já que o Brasil consume muito café. Como a população dos Estados Unidos não tem para onde crescer, conforme indicadores de mercado, a expectativa é que o mercado interno necessite de pelo menos um milhão de sacas do grão para atender a demanda.
O Brasil tem crescido de 3% a 5% ao ano no mercado interno com o comércio do café, sendo que alcança a marca de 2% nas exportações.

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