No mês de abril os cafeicultores do Jaíba estarão em plena cata. Só depois dela, que na verdade será a primeira dessa produção, é que poderá se estimar, com certeza, quantas sacas o cafezal plantado em parceria com pequenos produtores e a Ibá dará no final das contas. A perspectiva é que sejam colhidos até 80 sacas por hectare
Valéria Esteves
O ano já começa cheio de dúvidas para o setor cafeeiro, mas os produtores de café ainda confiam numa melhora. Segundo informou a Dow Jones, a produção global de café deve ficar entre 109 e 112 milhões de sacas na safra 2007/08, de acordo com relatório mensal divulgado sexta-feira pela OIC - Organização Internacional do café. A organização manteve estável a projeção divulgada no último relatório.
Entretanto, para a safra 2006/07, a OIC reduziu a estimativa em relação ao relatório do mês de janeiro, passando de 122,27 milhões para 121,575 milhões de sacas. De acordo com a organização, as lavouras devem sofrer com problemas climáticos por conta do desenvolvimento do El Niño.
- Esperamos queda na produção porque algumas regiões devem ser seriamente afetadas - afirma a entidade. A OIC aponta redução da produção brasileira de arábica, por conta da bianualidade da safra de café.
O consumo global foi estimado em 118 milhões de sacas em 2007/08, aumento de 1,7% sobre o ciclo anterior. A estimativa da OIC sugere um déficit na oferta global de café, que poderá provocar redução dos estoques. De acordo com a OIC, a safra 2006/07 (outubro-setembro) iniciou com 19 milhões sacas nos estoques, volume inferior a 27,51 milhões de sacas sobre a safra anterior. Considerando o grande volume exportado pelo Brasil, o país iniciará a safra (2007/08) com níveis historicamente baixos de estoque, aponta o relatório.
A perspectiva dos produtores mineiros é boa quanto às exportações e até mesmo com as importações, como previu o produtor Eduardo César Rebelo, sócio-gerente da Ibá-agroindustrial.
Desde fevereiro de 2005, cerca de 14 hectares foram plantados numa parceria entre a Ibá e pequenos produtores do Projeto Jaíba, no sentido de buscar um café de qualidade e que possa entrar no mercado tanto interno quanto externo. Hoje a saca de 60,5 kg de café comoditie tem custado cerca de R$ 240 a R$ 260; sendo que há quem consiga comercializar um lote contendo de 30 a 40 sacas por até R$ 4 mil.
O sócio-gerente da Ibá informou que o café tem um melhor crescimento no Norte de Minas, especialmente no Jaíba por ser irrigado e porque o clima favorece. Ele que também cultiva o grão no Sul de Minas, diz que é possível notar que enquanto a produção cresce em 2,5 anos no Sul de Minas, no Norte de Minas produz em 18 meses. O que significa ganho de lucros e aumento na produtividade em menos tempo. Isso porque, defende Eduardo, a planta cresce durante todo o ano no Jaíba.
COLHEITA
O plantio feito em fevereiro terá sua primeira cata em abril de 2007 e a primeira safra se dará em abril de 2008. A expectativa é que se tire de 75 a 80 sacas de café por hectare, tendo como base as três últimas colheitas da fazenda São Tomé em Pirapora, que tirou essa média de sacas.
O café no Jaíba significa alternativa de renda ao pequeno produtor e emprego o ano inteiro para mulheres, homens e idosos, conforme a Ibá.
Atualmente nove sócios entraram no negócio se dispondo a cuidar do cafezal diariamente, deixando-o bem capinado entre outros cuidados necessários ao bom andamento da produção. Outros pequenos produtores já se mostraram atraídos pelo plantio de café e a associação, antes com nove sócios, deve chegar aos 40 ao que tudo indica.
Há ainda um médio produtor que plantou uma média de 370 mil mudas e acredita que, com os bons resultados da cotação do café no mercado e a produtividade acelerado no Jaíba, a expectativa é que o comércio seja favorável.
Na década de 80, conta Eduardo, os cafeicultores chegaram a vender a saca do café ao preço de 100 salários mínimos, caso atípico, mesmo porque o que se busca hoje em dia no mercado é estabilidade.
PRODUTO NACIONAL
O café nacional é consumido no Japão, Finlândia, Dinamarca entre outros, e tem qualidade e sabor aprovados no mercado externo. Especialistas acreditam que nos próximos anos é possível que o Brasil, maior produtor de café do mundo e o segundo maior consumidor no ranking, atrás apenas dos Estados Unidos, deve ganhar mais espaço e se estabelecer no mercado com força total.
Para concluir, o empresário lembrou que os pequenos produtores, ou pelo menos seis ou sete, estão com médias boas de produção. Há algumas plantações com frutos nos pés.
Com o aumento da população brasileira as perspectivas de mercado só aumentam, já que o Brasil consume muito café. Como a população dos Estados Unidos não tem para onde crescer, conforme indicadores de mercado, a expectativa é que o mercado interno necessite de pelo menos um milhão de sacas do grão para atender a demanda.
O Brasil tem crescido de 3% a 5% ao ano no mercado interno com o comércio do café, sendo que alcança a marca de 2% nas exportações.
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