terça-feira, 13 de abril de 2010

Picos de estabilidade e instabilidade marcam o setor cafeeiro

Especialistas dizem que a previsão é que até o próximo ano o café consiga se estabelecer com cotações melhores. Os levantamentos que mostram o tamanho da safra já começaram e o preço pode subir significativamente. Apesar de ter registrado baixas de produção durante o ano passado, a safra subiu uma média de 26,4%. Espera-se que o mercado reaja em 2008, porque os produtores sonham com dias melhores

Valéria Esteves


Pelo que tudo indica, os preços do café vão continuar em alta em 2007, apesar de o mercado ter apresentado dias de instabilidade no setor. Com essa notícia, os produtores do Projeto Jaíba podem comemorar, assim como os de Buritizeiro, que esperam uma safra reforçada em meados de abril.
Segundo as expectativas de analistas de mercado, as cotações devem ficar acima dos preços atuais: R$ 270 a saca do café arábica tipo 6, podendo bater os R$ 300 até o final do ano e ficar a patamares superiores a este em 2007.
Para a Ibá - Agroindustrial esses indicadores vão facilitar a comercialização do café produzido no Jaíba que terá a primeira cata dentro de dois meses. Jorge Queiroz, analista de mercado de café da Conab - Companhia nacional de abastecimento, acredita que o preço deve ir a um patamar superior ao de hoje; mesmo porque, desde agosto, o preço da saca de café subiu 26,4% por conta do clima desfavorável à florada e à perspectiva de queda da safra 2007/08, devido à bianualidade da cultura - em que a produção se alterna entre uma safra e outra.
Conforme informou a Gazeta Mercantil, o economista da Safras e Mercado, Gil Barabach a cafeicultura está saindo de uma crise, cujo auge foi em 2002, quando a saca chegou a US$ 34, ocasião em que houve excedente de produção. Conforme estima o especialista, o preço deve atingir a marca de US$ 136 logo no primeiro período desse ano, alcançado o pico registrado em março de 2005, que foi o maior dos últimos sete anos.
- O setor demonstra sinais claros de que o produtor terá uma boa rentabilidade. O mercado de café tem fôlego para continuar subindo até o fim do ano e continuar em alta até a entrada da nova safra no ano que vem - pondera.
Ele disse que este cenário deverá ser reforçado pelo tamanho da safra 2007/08, cujo primeiro levantamento se iniciou há alguns meses pelos técnicos da Conab.
EM CASA
O plantio feito em fevereiro de 2006 no Projeto Jaíba terá sua primeira cata no próximo mês de abril e a primeira safra se dará em abril de 2008. A expectativa é de que se tire de 75 a 80 sacas de café por hectare, tendo como base as três últimas colheitas da fazenda São Tomé, em Pirapora, que tirou essa média de sacas.
O café no Jaíba significa alternativa de renda ao pequeno produtor e emprego o ano inteiro para mulheres, homens e idosos, conforme a Ibá. Atualmente, mais de 20 sócios então no negócio se dispondo a cuidar do cafezal diariamente, deixando-o bem capinado, entre outros cuidados necessários ao bom andamento da produção.
Outros pequenos produtores já se mostraram atraídos pelo plantio de café e a associação, antes com nove sócios, deve chegar aos 40 ao que tudo indica.
Há ainda um médio produtor que plantou uma média de 370 mil mudas e acredita que, com os bons resultados da cotação do café no mercado e a produtividade acelerada, o comércio seja favorável.
Na década de 80, conta Eduardo Rebelo, sócio-gerente da Ibá, os cafeicultores chegaram a vender a saca do café ao preço de 100 salários mínimos, caso atípico, mesmo porque o que se busca hoje no mercado é estabilidade.
Especialistas acreditam que, nos próximos anos é possível que o Brasil, maior produtor de café do mundo e o segundo maior consumidor no ranking, atrás apenas dos Estados Unidos, deva ganhar mais espaço e se estabelecer no mercado com força total.
O empresário conhecedor do mercado externo comercializa o café gourmer e acredita que os preços do grão devem se estabelecer. Pelas contas, cada hectare deve render uma média de quase R$ 20 mil se somada a saca ao valor de R$ 260 e contabilizar 75 sacas por hectare.
Em Minas Gerais, a média por colheita é de 17 sacas por hectare, e em Pirapora, os resultados até agora apresentados são o dobro dessa média.

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